Uso de crack no Brasil e factores psicossociais que antecedem esta tomada de decisão

Autores

  • Márcio Mariano Moreira Universidade Federal de São Paulo
  • Ronaldo Laranjeira Universidade Federal de São Paulo
  • Sandro Sendin Mitsuhiro Universidade Federal de São Paulo

Palavras-chave:

Crack, Drogas ilícitas, Tomada de decisão, Política de saúde

Resumo

Introdução: O consumo de crack cresce no Brasil e necessita de ampla discussão sobre a complexidade desse fenômeno. Objetivo: Discutir os fatores psicossociais que incidem na tomada de decisão em consumir crack. Metodologia: O presente trabalho utilizou informações literárias de livros e revistas científicas, realizado a partir de janeiro de 2016, nas bases eletrônicas de conteúdo SCIELO, LILACS e PUBMED através das palavras chaves crack, tomada de decisão, política de saúde em todos os índices e fontes, incluindo apenas artigos científicos publicados entre os anos 2007 e 2016 enfocando os aspectos legislativos, culturais, econômicos, jurídicos, clínicos, psiquiátricos, ilícitos e a identidade do usuário de crack. Resultados: Não há consenso na legislação brasileira no que tange ao tratamento para dependentes de crack; o usuário de crack passa a viver pautado em valores próprios e o consumo da substância se sobrepõe aos aspectos ilegais; o mercado do crack se autorregulamenta; o Brasil não possui efetivo controle territorial. Conclusão: Concluiu-se sobre a necessidade de se definir o que a sociedade brasileira pensa sobre o consumo de substância psicoativa; o reforço no controle das fronteiras entre Brasil, Bolívia, Peru e Colômbia; a realização de ações de inteligência entre Brasil, Bolívia, Peru e Colômbia no combate ao tráfico de drogas; e o desenvolvimento de uma política pública nacional de saúde, voltada especificamente ao usuário de crack.

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Publicado

2018-01-26

Edição

Seção

Artículos

Como Citar

Uso de crack no Brasil e factores psicossociais que antecedem esta tomada de decisão. (2018). Salud & Sociedad, 8(3), 254-261. https://revistas.ucn.cl/index.php/saludysociedad/article/view/2652