Do pecado como símbolo racional entre Pelágio e Agostinho segundo Paul Ricoeur
da vontade enquanto locus da liberdade e responsabilidade
DOI:
https://doi.org/10.22199/issn.0719-8175-5590Palavras-chave:
pecado original, Adão, hereditariedade, maldade, transgressão, natureza humanaResumo
Detendo-se no pecado em Pelágio como possibilidade enquanto exercício da liberdade e responsabilidade individual, o artigo assinala a defesa da neutralidade envolvendo a criação do ser humano e a sua capacidade para o bem e o mal, sublinhando a liberdade da vontade e a sua absoluta indeterminação, o que atrela o pecado à escolha. Portanto, atribuindo à vontade a condição de locus da instauração da experiência ético-lógico existencial envolvendo o exercício da liberdade, Pelágio se contrapõe a tese do pecado original enquanto herança psico-biológica, intelecto-afetiva e volitivo-consciencial transmitida pelo arquétipo humano em Adão para a sua descendência. Dessa forma, assinalando a vontade como a causa do pecado em um movimento que converge para encerrar a sua imputação ao agente enquanto detentor da vontade em exercício, o texto mostra que Agostinho afirma, paradoxalmente, a tendência humana para a prática do mal como resultante da herança adâmica, que impõe a sua posteridade a condição de absoluta depravação e inescapável culpa, na medida em que o ser humano é constituído enquanto tal em estado de santa inocência em um processo que atribui ao pecado a condição de um produto da escolha humana através do exercício de sua liberdade e plena consciência. Finalizando, a pesquisa examina o pecado como símbolo racional entre Pelágio e Agostinho segundo Paul Ricoeur, que afirma a necessidade de um processo que seja capaz de desconstruir o conceito em função da emergência da intenção ortodoxa enquanto sentido reto e eclesial.
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